sábado, 27 de janeiro de 2018

Envase

Uma das etapas importantes e mais aguardadas é sem dúvida o envase. No caso das cervejas da Zdrowie toda a "minúscula" (kkkk) produção vai para garrafas de vidro, variando apenas nos tamanhos, podendo ser em garrafas de 300 ml, 500 ml, 600 ml e 750 ml. Como não poderia ser diferente, esse processo também envolve bastante tempo, pois além de ser todo manual a necessidade de uma excelente limpeza e sanitização de todos os equipamentos e vasilhames envolvidos é essencial, caso contrário a cerveja poderá ser contaminada, trazendo o risco de explosões de garrafas além de sabores indesejáveis, colocando em risco todo uma leva de cervejas.
A contaminação da cerveja é algo que amedronta o cervejeiro em várias etapas da produção, podendo ocorrer principalmente na fase da fermentação, mas também na maturação e envase, mesmo que a bebida já contenha certo teor de álcool, tal risco é ainda eminente.
A etapa do envase é muito trabalhosa porque envolve uma dinâmica bem grande no processo. Será necessário definir e encontrar o tipo da garrafa que será usada. Essas garrafas precisarão passar por um exaustivo processo de limpeza e sanitização, bem como as tampas que serão utilizadas. Estando todas as garrafas devidamente esterilizadas, isentas de sujeira e possíveis fungos, bactérias, é iniciado o envase na prática. Nesse ponto não é simplesmente jogar a cerveja na garrafa e fechar, será necessário saber quanto de espuma é recomendado para o estilo da cerveja a ser envasada (baixa, média ou alta). Não vejo isso como uma regra inquebrável, afinal eu estou fazendo a cerveja para consumo próprio e tudo dependerá do gosto pessoal (minha opinião), "porém" a cerveja pode estar sendo feita para um concurso e nesse caso vale sim respeitar os detalhes do estilo. 

Após rever a questão da carbonatação (espuma) desejada, o cervejeiro precisará dar condições para que ela apareça. A grande maioria dos cervejeiros artesanais utiliza-se de um processo chamado primming, que não é nada mais do que colocar na cerveja mais açúcares fermentáveis para que as leveduras ainda existentes consumam e produzam gás carbônico. Esse gás ficará armazenado na garrafa, afinal ela estará lacrada com a tampa e ao abri-la ocorrerá  a mágica.

Contudo, não é simplesmente pegar açúcar e jogar dentro da cerveja recém saída da maturação. Primeiramente é preciso identificar que tipo de fermentável será usado, podendo ser açúcar comum, açúcar demerara, açúcar cristal, açúcar mascavo, mel, extrato a base de glicose, ou seja, será preciso definir que fermentável será usado para alimentar o restante de leveduras que acordarão (e com fome) após a saída da maturação a frio.
Após definir o tipo é sábio e necessário acertar a quantidade, que geralmente varia entre 5,5 gramas até 7,5 gramas por litro de cerveja. parece uma quantidade muito pequena, porém é necessário estar ciente que a garrafa estará fechada, ao contrário do que ocorre na etapa da fermentação, onde existe um grande acúmulo de fermentáveis para as leveduras se alimentarem e se multiplicarem, mas no caso da fermentação, existe uma válvula (airlock) responsável por liberar todo o gás criado no interior do fermentador. O uso irracional de fermentável na carbonatação pode criar uma garrafa-bomba, pois o vidro da garrafa possui tolerância a certos níveis de pressão e o acúmulo de gás carbônico na garrafa lacrada é pura pressão. Existe também o envase com carbonatação forçada, usando para isso CO2, processo que fará o cervejeiro ganhar tempo, pois a carbonatação ocorre mais rapidamente além de poder usar post mix ao invés de garrafas. 
Voltando ao envase na prática, o primming será definido e misturado na cerveja, a cerveja irá para a garrafa que será lacrada... Acabou? Depende! A minha produção artesanal é puramente um hobby, mas nem por isso deixo de colocar um rótulo. Mais trabalho! Fazer a arte, enviar para que seja produzida em gráficas especializadas ou simplesmente impressas em casa ou no trabalho - você define. Finalizado todo esse emprenho a cervela ainda precisará descansar por períodos que variam entre 10 dias e até mais de um ano. Cervejas de trigo e IPAS por exemplo que são apreciadas mais jovens podem ser consumidas após 10 ou 15 dias de envase, já uma cerveja belga pode necessitar de até um mês para ficar interessante e existem ainda cervejas que ficam melhores e mais complexas com períodos extensos de armazenagens.

Outro detalhe importante que regra a carbonatação é o clima. Já fiz cervejas idênticas que chegaram ao ápice da carbonatação desejada em número de dias totalmente diferentes. Como estou em Chuvitiba, digo, Curitiba, temos um clima totalmente diferente do mundo por aqui, podemos ter no mesmo dia as quatro estações do ano - pode me desmentir se alguém tiver coragem rsrsrsrs - dessa maneira uma carbonatação pode ser muito mais lenta em semanas mais frias do que em dias mais quentes. Ao menos eu senti isso em minhas levas.

Fora essas "pouquíssimas" regras, o cervejeiro artesanal precisa ainda de paciência, afinal levar semanas para que a cerveja fique no ponto de envase e ainda aguardar mais algumas semanas para a carbonatação é coisa para louco, mas é legal. Depois que já tiver algumas levas prontas para consumo é mais tranquilo, pois durante o "árduo" trabalho é possível ir saboreando uma ou outra beer enquanto sonha com a que está sendo envasada. Após uns dez ou doze dias já é possível abrir uma garrafa e começar a sentir como a cerveja está. Quando ela atingir seu gosto pessoal, bora resfriar e se divertir. Chama os amigos, a família, "eu" e bora beber algumas "beras"...
Zdrowie!




Cerveja para amigos


Encontro com amigos deve ser sinônimo de encontro com a alegria. É o momento máximo de descontração, onde se pode rir -"rir não! Gargalhar"...; brincar, por o papo em dia, tirar sarro do time do amigo, matar a saudade das pessoas que são importantes, relembrar dezenas de vezes as mesmas coisas (kkkk) e geralmente tais reuniões tem sempre algo bom pra comer ou beliscar e ainda mais: aquela cervejinha "da hora"...  Ou um bom vinho, uma caipirinha, um suco ou uma água para quem preferir, afinal a democracia deve prevalecer... O "rango" é sempre bom, mesmo que nem sempre seja "saudável" (quase nunca é) e assim os encontros vão marcando os dias de folga entre jornadas estressantes de trabalho.

Eu particularmente tenho me sentido muito feliz por poder contribuir algumas vezes com uma cerveja de minha própria produção, sendo ela mais suave e encorpada ou seca e amarga. A gratificação de tomar uma boa cerveja sabendo como foi elaborada é bem legal e talvez esse tipo de relato é que vem impulsionando cada vez mais pessoas a ingressarem nessa jornada da cerveja artesanal. Todos ganham com isso, afinal o ciclo cervejeiro envolve muita gente em inúmeras etapas diferentes da produção. 
A cada dia tenho apostado mais em crer que vale mais qualidade do que quantidade e por mais que as grandes cervejarias ainda detenham 99,99999% da produção e venda, já me satisfaz que a diferença seja proveniente de nano-cervejeiros como eu, que ficam satisfeitos em fazer uma pequena produção artesanal para "suprir" apenas o churrasco com os amigos... A minha parte eu já estou fazendo!
Cada dia surgem mais pessoas que apreciam a boa cerveja e o movimento artesanal aumenta cada vez mais... Isso é bem bacana! A ideia é que cada encontro, cada churrasco, cada jantar seja regado de uma boa cerveja, não que deva ser em exagero, mas que a cada copo tomado meus amigos possam curtir uma bebida bem feita, bem cuidada e digna de nossa amizade...
Zdrowie brothers... 

Cervejaterapia

Viramos para 2018 com duas levas no "forno", ou melhor, no freezer... Para variar uma batelada de Blond Ale Belgian - nossa conhecida ªPrimeira - campeã no gosto dos amigos e também uma boa leva de Scotch Ale - a pequena, embora robusta Ness33 - outra "pequena grande cerveja" que tem marcado seu território em nossos encontros de finais de semana...
Apesar do enorme sacrifício que é fazer cerveja artesanal - as famosas cervejas de panela - o resultado é infinitamente gratificante - ao menos para mim (e acho que para os chegados também); horas e mais horas em volta de panelas, fogo, altas temperaturas, ingredientes comuns e outros nem tanto... testes e ainda o risco de algo sair errado e perder tudo! Fora o trabalhão na brassagem (produção) ainda é necessário resfriar, zelar pela fermentação e maturação, engarrafar e aguardar dias e mais dias para poder fazer um teste na prática... Então eu mesmo me pergunto se tudo vale a pena?

A minha resposta é imediata: SIM! Mas isso porque curto muito esse mundo no qual mergulho cada dia um pouquinho mais... Apesar das horas que muitos considerariam perdidas, eu simplesmente me transporto para algo que me acalma e me diverte. Consigo por algumas horas esquecer o cotidiano e seus problemas. Meu foco é todo no processo, nas possibilidades e invenções. Do início de um processo, que envolve a escolha e pesquisa de uma receita, escolha dos insumos, consultas sobre o estilo, preparação de tudo, "produção", fermentação, maturação, envase e carbonatação passam-se dias e esses dias são mesclados com a rotina do dia a dia, afinal aqui, ninguém vive de cerveja (bem que eu gostaria, mas... SQN dá!)  Entretanto, tudo que começa - termina! E o término tem sido muito bacana, pois após dias cuidando da cria chega o momento de resfriar e provar (veja bem: "resfriar" e não gelar). Nesse momento quando é possível sentir o aroma e o gosto e tudo está parecendo muito bom é que a resposta para aquela pergunta sobre "o valer a pena" fica evidente: não é apenas sim, a resposta mais clara e objetiva é CLARO QUE SIM!!

Por isso meus caros, devo admitir que continuarei perdendo minhas horas de finais de semana, afinal para mim não tem sido "perdas" e sim "ganhos"...
Zdrowie amigos... 

domingo, 7 de janeiro de 2018

Novo Ano

E 2018 chegou!!! Que venha com ele a certeza de que enfrentaremos os problemas de cabeça erguida e com passos firmes... Que seja um ano de superação e muita garra e que na próxima virada de ano possamos olhar para trás e sorrir por termos feito um bom trabalho, por sermos vitoriosos, amigos e irmãos...


As diversidades estarão presentes como sempre, mas colidirão com a persistência e "teimosia", reforçadas com uma boa dose de audácia, "chatice" e trabalho. Falando em "dose", que possamos saborear muitas cervejas boas, não em solidão, mas cercado de amigos, da família e pessoas que amamos! 

    
Que uma conquista sobreponha outra por mérito e jamais o contrário... Que toda família busque a união em paz e que todas as amizades reforcem seus laços e apertem ainda mais o nó que os unem... Que os risos subjuguem as lágrimas, desde que o choro não seja de alegria... 
        
Que trabalhar se torne divertido, que reclamações sejam motivos de reflexão e que os defeitos sejam minimizados, afinal quem é perfeito? Que o amor se perpetue, que a amizade perdure, que a saúde prevaleça e que as boas cervejas unam a todos em volta de um mesmo propósito: ser feliz...
Zdrowie