terça-feira, 17 de outubro de 2017

NESS33

Nossa mais recente aventura foi mergulhar em uma receita pertencente a escola britânica de cervejas. A influência britânica na história da bebida é evidente e amplamente conhecida, mesmo que de forma resumida, afinal foi na Inglaterra que surgiu um estilo muito conhecido e difundido pelo mundo afora: as IPAs. Entretanto não é uma cerveja IPA o foco hoje e sim uma outra cerveja, outro estilo, outro gosto...
A escola britânica pode ser compreendida por estilos criados praticamente em três países distintos: Inglaterra, Irlanda e Escócia. A Inglaterra contribuiu com suas Bitters, IPAs e Porters, enquanto na Irlanda surgiu a Stout Porter, atualmente conhecida apenas como Stout que é uma versão mais lupulada das Porters inglesas. A Escócia sempre foi notada por seus famosos uísques "puro malte" (puro malte? coincidência deliciosa), pois em suas fabricações eram usados 100% de maltes, afinal o clima da Escócia contribuí até os dias de hoje para o plantio da cevada, fato contrário para o cultivo do lúpulo. Com essa abundância de malte de boa qualidade e a necessidade de uma cerveja local, passaram a ser fabricadas as scotch ales, que são cervejas mais escuras, encorpadas e com teores mais elevados de álcool. 
A ideia inicial foi criar uma "bera" dentro desse estilo, porém que envolvesse uma complexidade maior e lembrasse o país berço de tal estilo e também tão respeitado por seus excelentes e pioneiros uísques. Como acho sempre relevante o envolvimento da história e curiosidades locais, comecei a pesquisar sobre as curiosidades escocesas e uma delas chamou muito a atenção, por ser antiga e ao mesmo tempo contemporânea e estar enraizada firmemente nas crendices e cultura popular escocesa. Me refiro a "lenda" do monstro do lago Ness, uma história (verídica ou não é irrelevante para a cerveja rsrsrs) que já ilustrou livros, telinhas e telonas. A história retrata a existência de uma criatura enorme sob as águas do grande lago Ness, situado nas terras altas da Escócia e cuja área é de mais de 56 quilômetros quadrados, podendo ter em alguns pontos até 230 metros de profundidade. Nesse pitoresco ambiente aquático foi descrito o avistamento de uma espécie de dragão marinho gerando com isso histórias, frenesi, suspense e carinho. 
O primeiro relato autenticado sobre o tal monstro, que aliás, é chamado carinhosamente de Nessie pelos moradores da Escócia, aconteceu em 1880 e foi testemunhado por um mergulhador profissional. Muitos outros testemunhos surgiram após 1880, mas foi uma matéria jornalística feita em 1933 pelo jornal local The Inverness Courier que tornou o assunto famoso e atraindo à atenção do mundo todo.
Se "Nessie" existe jamais saberemos (talvez um dia...), porém a scotch ale da Zdrowie batizada de Ness33, essa sim existe e com muita presença. Trazendo a ideia "à tona", essa pequena cervejinha surgiu com muita personalidade e força. A combinação de maltes pale ale e maltes especiais deixou a cerveja muito bem encorpada, com aromas e sabor intensificado por um belo dry chips (rsrs) de carvalho e uísque escocês. O lúpulo age como coadjuvante, porém nem por isso despercebido, dando à bebida notas levemente amargas e equilibradas com o sabor dos maltes. Para arrematar, a Ness33 foi feita com uma levedura de linhagem inglesa, mantendo ainda mais as raízes na escola da grande ilha britânica e rendendo a ela um teor alcoólico (abv) de nada menos do que 6,5%.
Na falta da certeza de visitar a Escócia e ver de perto o lendário monstro do lago Ness, vou preferir ficar aqui pelo sul do Brasil e se deliciar com uma real scotch ale, afinal de contas Ness por Ness, sou mais essa da zdrowie...

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