segunda-feira, 9 de outubro de 2017

aPRIMEIRA

Falar de cerveja belga é fácil, afinal elas são excelentes. Apesar do seu pequeno tamanho territorial se comparado a seus vizinhos França e Alemanha, além é claro da Holanda com sua importância no mundo cervejeiro, a Bélgica parece incluir magia em suas receitas de belas e deliciosas cervejas, sendo considerada por muitos uma das escolas mais importantes no mundo cervejeiro.
Diversos são os estilos desenvolvidos pelos belgas, sendo os mais comuns a belgian blond, saison, witbier, dubel, tripel, quadrupel e as mais calorosas em teor alcoólico conhecidas como strongs, onde dois estilos se sobrepõe: as strong golden ale e strong dark ale. A Bélgica conta com mais de mil rótulos de cervejas catalogadas, fato que possibilita imaginar a grande variedade de receitas dentro de seus estilos. Devido a isso, sem dúvidas que o país merece destaque em relação a inventabilidade, pois seria impossível manter o sabor e característica das cervejas no meio de tantas brassagens diferentes. Esse fato só enriquece e aumenta a curiosidade sobre as "beras" daquele país. A maioria maciça são cervejas de alta fermentação - as famosas Ales.
Cerveja e religião possuem também forte laço na história da bebida belga, afinal não seria novidade citar que cervejas, licores, vinhos e hidroméis tiveram muitas vezes origem em mosteiros de diferentes ordens religiosas. Contudo, a Bélgica abriga seis de onze mosteiros famosíssimos por sua produção cervejeira. Inicialmente a cerveja produzida nesses mosteiros há muitos anos serviam para atenuar a sede e alimentar os viajantes que por ali passavam. Com o tempo surgiu a necessidade de uma cerveja mais encorpada e nesse momento é que surgiu a conhecida cerveja Trapista, que ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é um estilo de cerveja e sim uma cerveja que possui características singulares e pertencentes somente aos mosteiros que a produzem - podemos entender como um selo de qualidade e autenticidade. A mesma cerveja pode ser feita fora desses mosteiros, porém recebe a denominação de  cerveja de abadia e não trapista.


Esses monges são também conhecidos pelo próprio nome adotado para a cerveja: monges trapistas, os quais pertencem a ordem dos Cistercienses, conhecidos como monges brancos e com "os dois pés" na ordem Beneditina, cujos integrantes, além de viver em mosteiros, fazem três votos sagrados e comuns na ordem que é o voto de pobreza, castidade e obediência. A principal causa da criação da cerveja trapista foi devido a necessidade de uma bebida que suprisse a necessidade de alimentos durante os longos períodos de jejum dos religiosos. A cerveja trapista é uma bebida forte e encorpada, que de fato mostra ao corpo sua presença e os mosteiros produzem a bebida em três formas: a Dubel, a Tripel e a Quadrupel.
Alheio a toda essa complexidade das cervejas trapistas, as demais cervejas e estilos merecem também atenção especial, pois todas trazem peculiaridades que excluem qualquer similaridade entre si. Cervejas witbier são feitas com trigo, condimentadas e muito refrescantes, ótimas para serem tomadas em dias quentes. As saisons surgiram sazonalmente nas épocas de finais de colheitas e durante os climas mais frios. Em uma época sem refrigeração, a cerveja era feita em momentos de menor atividade agrícola aliada a temperatura mais branda, para que a ao final do processo a bebida não azedasse. Muitas receitas eram e  ainda são submetidas a fermentação secundária.  Cervejas fermentadas com leveduras selvagens são mais raras, mas ainda possíveis de serem encontradas e quando isso ocorre oferecem ao palato e olfato notas misteriosas.
A dark ale e gold ale são cervejas mais fortes, as conhecidas "strong bier", carregando mais corpo e muito mais teor alcoólico. Excelentes e complexas, se diferenciando principalmente pelo grupo de maltes usados, onde a "dark" usa malte mais torrado, que podem dar a bebida notas de café e chocolate e obtém peso alcoólico maior. Existem classificações que colocam as dark strong ale no mesmo patamar das quadrupel e em alguns casos até as classificam como mesmo estilo de cerveja. Essa confusão existe e está longe de acabar, por isso: relaxe, abra uma garrafa e esqueça essa discórdia...
As blondes também tem um alcance gigantesco quando o assunto é cerveja belga, pois trata-se de um estilo bem difundido e suas cervejas possuem coloração dourada, algumas mais claras e outras que causam impacto profundo ao cair na taça. Os sabores são sempre peculiares ao tipo da levedura utilizada e combinação de maltes. O lúpulo aparece apenas como coadjuvante, tendo em vista que o corpo mais acentuado da bebida e seus sabores que lembram especiarias, frutas e pão são os mais presentes. 
Esse estilo de cerveja foi influência direta para a primeira brassagem da zdrowie kingereski piwo, que ao longo desse quase primeiro ano, modificou algumas vezes até definir sua receita "em tese" definitiva. Nossa blond ale belgian, recebeu o nome de ªPrimeira, exatamente pelo fato de ter sido a primogênita de muitas (assim espero); uma cerveja com corpo médio, boa carbonatação e teor alcoólico de 6,5%. O amargor do lúpulo é um pouquinho mais pronunciado, mas não chega a fugir do estilo. O aroma lembra a pão e frutas, bem típico do estilo belga.
A ªPrimeira tem sido uma fiel companheira e sempre que é possível tenho se deliciado com algumas taças, sempre na boa companhia dos amigos, família, risadas, boa comida, que proporcionaram excelentes momentos... 
Zdrowie


  


    


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